Rolhas: naturais ou sintéticas?
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Um dos muitos assuntos polêmicos que rondam o vinho, a preferência por rolhas naturais ou sintéticas pode render acaloradas discussões. Entenda os argumentos de ambos os lados, e veja como há espaço para a controvérsia...
Segurança
Teoricamente, as rolhas sintéticas não são atingidas pelo TCA (Tricloroanisole), que é uma substância que atinge rolhas naturais e deixa o vinho com cheiro de mofo. Mas existe uma vertente que afirma que as rolhas sintéticas não são, não, imunes ao problema, ao contrário do que sempre se acreditou.
De qualquer forma, a incidência do problema diminuiu significativamente desde que a indústria de rolhas de cortiça, pressionada pela competição crescente, investiu de forma exemplar contra o TCA, aprimorando seus controles de qualidade.
Economia
A rolha de cortiça, produzida a partir da casca do carvalho, está longe de ser um insumo barato para a indústria do vinho, e o custo mais baixo acaba sendo uma das maiores vantagens da rolha sintética, produzida a partir de material plástico.
Mas os críticos dessa inovação alertam para o fato de que o menor custo dessas novas rolhas favorece somente o produtor de rolhas e o produtor de vinho, e, não, o consumidor final. Polêmico, para dizer o mínimo!
Vedação
As garrafas, por serem de vidro, se expandem e se contraem, mesmo com pequenas variações de temperatura. A cortiça natural acompanha esse movimento de expansão e contração, mantendo constante a vedação ideal entre a rolha e a garrafa.
As rolhas sintéticas, se estiverem muito apertadas, impedem a entrada das pequenas quantidades de oxigênio necessárias para o desenvolvimento do vinho. Já quando elas estão mais largas que o ideal, o material sintético exagera na exposição do vinho ao oxigênio... Contudo, os defensores das rolhas sintéticas lembram que os vinhos de guarda, próprios para envelhecer em garrafa, representam menos de 10% do total das garrafas produzidas no mundo... Nesse caso, as rolhas sintéticas seriam apropriadas para 90% das garrafas!
Sustentabilidade
Apesar de ambas serem recicláveis, as rolhas de cortiça estão mais associadas aos conceitos de sustentabilidade e ecologia, por haver menor emissão de carbono no processo de produção. Natural, biodegradável, reciclável e renovável, a rolha natural é um trunfo ambiental, quando comparada à sintética.
As rolhas sintéticas, produzidas de material plástico derivado do petróleo, requerem muito mais energia em seu processo produtivo, emitindo mais carbono. Esse é sem dúvida um tema instigante, até porque existem rolhas sintéticas não plásticas, e, sim, produzidas a partir da borracha...
Tradição
Pesquisas realizadas por várias vinícolas ao redor do mundo indicam que a preferência do consumidor continua sendo pelas rolhas de cortiça. Talvez seja apenas uma questão de tradição, mas, de qualquer forma, os consumidores acabam associando as rolhas naturais a vinhos de qualidade superior. Seria isso puro preconceito ou constatação da realidade?
Melhores ou piores, o certo é que as rolhas sintéticas estão cada vez mais presentes no dia a dia, e assim como as de cortiça, são “a última barreira” para chegarmos onde realmente nos interessa: ao vinho!
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